Adoro conhecer pessoas, escutar histórias de vida e aprender com aqueles que tem pouco estudo, mas sabem muito mais do que imagino.
Ela é uma simples trabalhadora que se esforça todos os dias para conseguir pagar suas contas. Caminha pelas ruas como outra mulher qualquer, se você não prestar muita atenção talvez nem perceba a tristeza que passou por seus olhos numa fração de segundo.
Talvez ela não tenha problemas grandes ou sonhos impossíveis. Talvez seja apenas uma mulher que sonha encontrar um amor que a balance, e talvez esse seja seu maior problema hoje.
Eu conheci essa mulher hoje. Senti que sofria com sua vida. E ela se abriu comigo. Era casada, sem filhos, mas era muito infeliz no casamento. Me disse que sofria somente por saber como seria sua vida hoje, amanhã e depois. Que sofria por não ter mais emoção que viver, por não ter mais motivos para não sofrer. Eu a entendi.
Aprendi com ela o quanto é fácil nos apaixonarmos, e o quanto é difícil manter essa paixão. Encontrar alguém, ser feliz por alguns meses, isso acontece com muitos. Mas permanecer feliz, continuar amando, é muito difícil.
Acontece que as pessoas gostam de se acomodar. Acreditam que a conquista é algo finito. Mas hoje aprendi que amar é conquistar todos os dias. Amar é o apaixonar-se a todo momento novamente, e de uma forma diferente. Amar não é a rotina, nem o cômodo. Amar é renovar, é reconstruir a paixão a cada minuto. Amar é conquistar. É apoderar-se da mesma pessoa constantemente.
Sem tempo para o amor? Isso não existe. O amor não precisa de tempo, precisa de pequenos momentos que signifiquem mais que o horário marcado pelo relógio.
Saio de meu devaneio em meio à correria de meu trabalho e ouço uma batida na porta. É o marido de uma colega minha, a esperando com o guarda-chuva na mão. Do cabelo daquele pequeno homem grossas gotículas de chuva escorriam até o rosto. Seus sapatos estavam encharcados. Mas ele estava ali, parado na porta esperando aquela que é sua mulher há 4 anos. Ele saiu de seu trabalho, apressado, na espera de ainda a encontrar ali e poder a acompanhar até em casa.
Vejo, então, os dois saindo de braços dados. Ela aperta o braço dele com força, como forma de demonstrar a falta que sentiu durante o dia. Parece feliz. Agora estão molhados, encharcados, mas estão juntos. E isso basta. O carro? Deve estar na garagem, esperando o dia em que precisarão dele. Hoje não.
Eu pego as minhas coisas e também saio para a rua, vou para o caminho contrário. A chuva molha meu rosto e embaraça meus cabelos. Caminho sozinha, mas ainda levo uma esperança comigo. Esperança de um dia encontrar alguém com o guarda-chuva em punho me esperando quando eu abrir a porta. Alguém que me conquiste em dias de chuvas, e em dias de sol.
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